Olha, essa história do Grande Prêmio em Interlagos é meio doida, na verdade eu nem tava planejando ir pra lá no começo.
Eu tinha que ir pra São Paulo resolver uns pepinos de família, coisa chata mesmo, papelada, parente falando alto, aquela coisa toda. Já tava até de saco cheio antes de sair de casa. Peguei o ônibus, aquela viagem que parece nunca acabar, pensando em como ia ser o stress.
Chegando lá, recebo a notícia: o negócio que eu ia resolver foi adiado. Assim, do nada. Fiquei plantado em Sampa, sem ter o que fazer, com passagem de volta só pra dali uns dias. Pensa na raiva. Gastei dinheiro pra ir pra lá à toa, praticamente.
E agora, José?
Fiquei andando meio perdido, liguei pra um camarada que mora por lá. Ele que veio com a ideia: “Pô, tá rolando o treino da Fórmula 1 em Interlagos, bora lá sentir o clima?”. Eu pensei: “Ah, sei lá, mó muvuca, deve ser caro pra caramba”. Eu nunca fui muito de corrida, pra ser sincero.
Mas aí, né? Já tava lá, sem fazer nada. Pior que tava não ia ficar. Ele falou que não precisava nem entrar, só de ficar ali por perto já dava pra sentir a coisa toda. Acabei topando.
Pegamos o trem, depois um busão lotado. Que perrengue pra chegar! Gente pra todo lado, um calorão danado. Mas quando a gente foi chegando perto, o negócio mudou.
O barulho era uma coisa de louco!
Não era só barulho de carro correndo, era… diferente. Um zumbido que entrava na cabeça. E a galera? Todo mundo pilhado, camiseta de equipe, bandeira. Uma energia que eu nunca tinha visto.
- Aquele som dos motores… mesmo de longe, arrepiava.
- A multidão vibrando a cada ronco mais forte.
- O cheiro de borracha queimada misturado com sei lá o quê.
A gente nem entrou no autódromo no fim das contas. Ficamos ali por fora mesmo, nos arredores, comendo um lanche desses de rua, vendo a movimentação. Vimos os helicópteros, ouvimos os carros passando como um trovão. Foi uma experiência totalmente inesperada.
Voltei pra casa uns dias depois, sem ter resolvido a papelada que eu precisava. Mas quer saber? Aquela tarde aleatória em Interlagos, que surgiu do nada por causa de um imprevisto, valeu mais a pena. Às vezes, os planos darem errado é a melhor coisa que acontece.