Então, galera, hoje vou contar um pouco sobre como foi a minha jornada pra fazer uma tatuagem naquele estilo Yakuza, sabe? Sempre achei impressionante, aquela coisa que cobre as costas inteiras, os braços… Arte pura, mas com uma pegada diferente.
Primeiro, não foi uma decisão da noite pro dia. Pensei muito. Não é qualquer rabisco, né? É um projeto grande, que exige tempo, grana e, vou te falar, bastante coragem pra aguentar a dor. Fiquei anos namorando a ideia, vendo fotos, tentando entender os desenhos, os significados. Koi pra lá, dragão pra cá… cada um com sua história.
A busca pelo tatuador certo
Depois de decidir que era isso mesmo que eu queria, começou a parte difícil: achar alguém que realmente manja do assunto. Não adianta ir em qualquer estúdio da esquina. Esse estilo, o Irezumi tradicional, tem todo um jeito certo de fazer, as regras, as técnicas. Pesquisei bastante na internet, pedi indicação, olhei portfólio de um monte de gente. Foi um processo chato, confesso. Tinha muito tatuador bom, mas poucos que realmente tinham a mão pra esse estilo específico.
Finalmente, achei um cara que parecia ser o certo. O estúdio dele era mais reservado, e o trabalho que ele mostrava… nossa, era exatamente o que eu procurava. Marquei uma conversa.
Planejando a obra
Sentamos pra conversar por horas. Levei minhas ideias, o que eu tinha em mente. Ele me explicou um monte de coisa sobre a tradição, sobre como os elementos deveriam se encaixar no corpo, o fluxo do desenho. Não é só jogar um monte de figura. Tem que ter harmonia. Decidimos o tema principal, os elementos secundários, o tamanho – no meu caso, decidi fechar as costas e parte dos braços. Ele fez um esboço inicial ali na hora, mais pra ter uma ideia.
Pontos importantes que definimos:

- Tema central (no meu caso, foi um Fudō Myōō)
- Elementos de fundo (água, nuvens, fogo)
- Paleta de cores (mais tradicional, usando preto, cinza e alguns tons específicos)
- O cronograma das sessões (sim, seriam muitas!)
As sessões de tatuagem
Aí começou a saga de verdade. A primeira sessão foi só pra fazer o contorno principal, o tal do sujibori. Horas e horas só de traço. Doeu? Pra caramba! Mas faz parte. Depois vieram as sessões de preenchimento e sombreamento, o bokashi. Essas eram mais longas ainda.
Foram meses indo ao estúdio regularmente. Cada sessão era um teste de resistência. Tinha dia que eu saía de lá moído, dolorido, pensando “o que eu fui inventar?”. Mas quando via o desenho tomando forma, a animação voltava. O tatuador foi muito paciente, sempre conversando, explicando o processo. Criamos um respeito mútuo ali.
Cuidando da pele
Depois de cada sessão, vinha o pós-cuidado. E com uma área tão grande, era um trampo! Lavar direitinho, passar a pomada, proteger do sol, evitar roupa apertada… Coçava muito quando começava a cicatrizar. Tinha que ter muita disciplina pra não estragar o trabalho todo.
O resultado final
Depois de quase um ano, finalmente terminamos. Olhar no espelho e ver aquela arte toda nas costas, nos braços… foi uma sensação indescritível. Um misto de alívio por ter acabado, orgulho por ter aguentado e admiração pelo trabalho final. Ficou exatamente como eu imaginei, ou até melhor.
É isso, pessoal. Não é um processo simples, exige pesquisa, compromisso e paciência. Mas pra mim, valeu cada minuto, cada centavo e cada agulhada. É algo que vou carregar comigo pra sempre, literalmente.
