A decisão de ir até Interlagos
Quando eu vi que o Grande Prêmio tava rolando em São Paulo de novo, meu coração quase saiu pela boca. Sempre sonhei em ver aqueles bólidos ao vivo, sentindo o rugido no peito. Mas aí bateu aquela dúvida: será que vale a pena todo o corre-corre? Olhei os preços e até engoli seco – não é pouca coisa não. Mas pensei: “É agora ou nunca”. Juntei uma grana, comprei o ingresso mais básico que achei e bora pra capital.

A loucura da chegada
Cheguei no sábado de manhã cedinho, pensando que ia evitar confusão. Engano total. O metrô já tava abarrotado de gente de camisa de time, bandeirinha, cara pintada. A galera já tava gritando “É Hexa!” sem nem ter corrido ainda, o clima já esquentando. Desci na estação Autódromo e putz… Que fila desgraçada! Passei quase duas horas só pra entrar, com sol batendo na cabeça e um monte de vendedor ambulante oferecendo bandana, óculos escuro e cachorro-quente meio borocoxô. Fui esperto: levei um lanche e uma garrafa d’água, porque lá dentro tudo custa trocentos reais.
O momento mágico (e barulhento)
Quando finalmente pus o pé no gramado e olhei pra pista, deu um troço estranho na barriga. Aquela reta principal parecia infinita. Aí ligaram os motores pros treinos livres. Meu amigo… NÃO TÁ ESCRITO. O primeiro ronco veio e eu senti o chão tremer. Parecia que tavam rasgando o ar. Até arrepiei! Fiquei paradão uns cinco minutos, só ouvindo aquela sinfonia de motor, óleo queimado e gritaria. Não tem vídeo no mundo que prepare você pra isso, sério.
Minha experiência:
- Barulho: Parece que seu tímpano vai explodir. É incrível. Todo mundo tampa o ouvido no começo, depois acostuma (um pouco).
- Cheiro: Gasolina, borracha queimada e… churrasquinho? Sim, o pessoal já tava mandando ver no churrasco portátil.
- Multidão: Muito, mas MUITA gente. Pra andar é um sufoco, pra ver a pista tem que ser esperto e chegar cedo num ponto bom.
- TURN 12 (Ferradura): Fiquei lá. Vale cada centavo. Os carros descem voando e quase raspan no asfalto na curva. Dá pra ver a cara de concentração dos pilotos (ou pelo menos o capacete virado pra curva).
O dia da corrida: Pura energia
Domingo foi outro nível. Acordei às 5 da matina com medo de perder. Cheguei e a atmosfera já tava elétrica. Brasileiro cantando, bandeira gigante passando de mão em mão, umas batucada do nada. Quando os carros saíram pro grid de largada, o estádio inteiro ficou em pé. Na largada, os carros passaram como balas e aquele barulho ensurdecedor voltou, só que multiplicado por mil. A cada ultrapassagem (e teve várias!), a galera pulava, gritava, abraçava até quem não conhecia. Quando um brasileiro passava, então? O estádio vibrava literalmente.
Valeu a pena? Cada segundo!
Cara, pra ser sincero: foi cansativo pra caramba, gastei mais do que devia, quase derreti no sol e fiquei surdo por dois dias. Mas quando os carros passavam rugindo, a terra tremia e eu via aquela máquina vermelha (ou a amarelinha) voando na reta, tudo isso sumia. A emoção é visceral. É mais que um esporte, é um festival, uma paixão que une todo mundo ali, do velho de cabelo branco ao mlk no colo do pai. Você não vê o evento, você sente ele no osso. Foi uma experiência única, daquelas que você conta pros netos. Se você é fanático mesmo, nem pense duas vezes. É sofrimento? É. É caro? É. Mas a memória e o sentimento que ficam… Isso não tem preço. Volto ano que vem, se Deus quiser! E dessa vez, vou levar tampão de ouvido.
