Ah, o US Open Junior… A gente vê na TV, aquela molecada jogando fino, parece tudo tão organizado, né? Dá até uma nostalgia, me lembra de quando eu era piá e inventei de levar o tênis a sério. Ilusão pura.

Lembro que me empolguei depois de ver umas partidas na TV, acho que era Guga na época, sei lá. Fui lá, pedi pro meu pai me inscrever numa escolinha aqui do bairro. Cheguei todo animado, raquete na mão, achando que ia ser igual aos profissionais.
A Realidade Bate Forte
Primeiro dia, o professor me botou pra rebater bola na parede. Uma hora inteira. Beleza, faz parte, pensei. Semana seguinte, mesma coisa. Aí comecei a notar a bagunça. Tinha uns moleques que claramente eram os “preferidos”, sabe? Treinavam mais tempo na quadra principal, recebiam mais atenção.
Eu ficava ali, no cantinho, tentando aprender o saque. Pedi ajuda pro professor umas duas vezes, ele veio, deu uma olhada rápida, falou “tá quase” e já saiu pra dar atenção pra outro. Parecia mais preocupado em conversar com os pais que pagavam mais caro, sei lá.
E o material? Nossa senhora.
- As bolinhas já estavam mais pra carecas do que pra novas.
- A rede vivia frouxa num dos lados.
- A quadra cheia de remendo, tropeçar era rotina.
Tentei participar de um torneio interno que organizaram. Uma zona. Os horários mudavam em cima da hora, ninguém sabia direito quem jogava contra quem. Perdi na primeira rodada pra um garoto que nem treinava direito, mas o pai dele era amigo do dono do clube. Coincidência, né?

Fui desanimando, claro. Aquele sonho de jogar sério, de competir, foi murchando. Via a molecada do US Open Junior na TV e pensava: como é que eles chegam lá? Porque o caminho que eu tava vendo aqui na minha realidade era só buraco e desvio.
A gente começa cheio de gás, compra equipamento, acorda cedo, se esforça… mas aí esbarra nessas coisas. Falta de estrutura, gente mais preocupada com politicagem do que com o esporte, uma desorganização que parece regra.
Hoje em dia, quando vejo esses torneios juniores, ainda admiro o talento dos garotos. Mas confesso que uma parte de mim fica pensando em quantos outros, talvez até com mais talento, ficaram pelo caminho por causa dessa bagunça toda que rola longe das câmeras. É complicado.