Então, estava eu lá, largado no sofá, vendo as Olimpíadas na TV, aquela coisa toda bonita, união dos povos, superação… Aí me bateu uma ideia: por que não fazer algo parecido aqui no bairro? Uma mini-olimpíada, sabe? Coisa simples, só pra movimentar a galera, tirar as crianças da frente das telas.

Fui todo animado falar com a vizinhança. A primeira barreira: um monte de gente achou perda de tempo. “Ah, muito trabalho”, “Quem vai organizar?”, “Não tenho tempo pra isso”. Normal, né? Mas consegui juntar uns três ou quatro malucos que toparam a empreitada. Montamos nossa “comissão organizadora” ali na garagem de casa mesmo.
A Realidade da Organização
Começamos a planejar. Que jogos fazer? Pensamos em coisas básicas:
- Corrida de saco
- Cabo de guerra
- Uma corridinha curta ali na rua
- Talvez futebol de botão pra variar
Aí veio a parte chata. Onde fazer? Tentar a praça? Precisava pedir autorização na prefeitura, aquela burocracia toda. Desistimos. Decidimos fazer na rua de trás mesmo, num domingo de manhã, que é mais vazia. Depois, arranjar material. Saco de estopa? Peguei uns velhos que meu avô usava pra guardar milho. Corda pro cabo de guerra? Achei uma encostada na oficina do Zé. Tudo no improviso.
Marcar a data foi outro parto. Um não podia de manhã, outro tinha compromisso à tarde, fulano ia viajar… Enfim, definimos uma data lá, torcendo pra dar certo.
O Grande Dia (ou quase isso)

Chegou o domingo. Montamos as “arenas”. Na hora H, apareceu menos gente do que a gente esperava, mas veio uma turma boa. Só que aí começou: menino chorando porque perdeu na corrida de saco, pai discutindo regra do cabo de guerra que nem existia direito, uma confusãozinha básica.
Teve até um momento que quase acabou em briga porque um time acusou o outro de trapaça no cabo de guerra. Tive que intervir, dar uma de juiz, acalmar os ânimos. Bem diferente daquela paz olímpica da TV, viu?
O Que Ficou Disso Tudo
No final das contas, acabou a “olimpíada” com a galera meio cansada, umas crianças emburradas, outras felizes. Servimos um lanche improvisado, suco e bolo, e o pessoal foi dispersando. Olhei pra bagunça, a rua meio suja, a corda jogada no canto.
Sinceramente? Deu um trabalho danado. Foi estressante em vários momentos. Aquele ideal de “espírito olímpico”, de união e respeito… na prática, a gente viu que o buraco é mais embaixo. A competição, mesmo na brincadeira, às vezes fala mais alto. Mas quer saber? Teve risada também. Teve vizinho que mal se falava conversando. As crianças correram ao ar livre. Não foi perfeito, longe disso. Foi meio tosco, meio caótico, bem vida real mesmo. Se valeu a pena? Acho que sim, pelo menos pra sair da rotina e tentar algo diferente. Mas que dá trabalho e que o tal “olimpismo” é mais bonito na teoria do que na prática do dia a dia, ah, isso dá.