Olha, vou te contar uma coisa sobre assistir luta, especificamente uma vez que parei pra ver o tal do Alan Nuguette. Não sou fanático por MMA, não fico acompanhando ranking nem nada, mas de vez em quando a gente para na frente da TV, né?
Lembro que foi num sábado à noite, tava meio sem ter o que fazer. Tinha acabado um churrasco aqui em casa, a turma já tinha ido embora, sobrou aquela bagunça pra arrumar no dia seguinte. Liguei a TV e tava passando um card preliminar, aí anunciaram a luta dele. Pensei “ah, vou dar uma olhada nesse cara aí, nome diferente”.
A Luta e a Lembrança
O cara entrou tranquilo, jeito de quem sabe o que tá fazendo. A luta começou e, sinceramente, não foi aquele show de trocação que todo mundo espera. Foi mais amarrada, muito chão, aquela coisa de estratégia. Teve hora que achei até meio chato, pra ser honesto.
Mas aí é que tá o ponto. Enquanto eu via o Nuguette ali, naquela paciência, tentando achar a brecha, controlando o adversário no chão, me veio uma lembrança nada a ver. Lembrei de quando eu tava começando a mexer com marcenaria, lá atrás.
Paciência de Jó
Eu era moleque, queria fazer tudo rápido. Pegava a madeira, serrava de qualquer jeito, lixava correndo. O resultado? Saía tudo torto, mal acabado. Meu tio, que me ensinava, falava:
- Calma, guri! Tem que ter paciência.
- Observa a madeira, sente o veio dela.
- Não adianta querer apressar, cada coisa tem seu tempo.
Na hora, eu achava um saco. Queria ver a peça pronta logo. Mas com o tempo, fui pegando o jeito. Aprendi que a paciência, a insistência em fazer certo, mesmo que demore, é que traz o resultado bom. Não adianta só força bruta ou velocidade.
Voltando pro Octógono
Aí olhei de novo pra TV. O Nuguette lá, naquela luta agarrada, parecia a mesma coisa. Não era só sair dando soco a torto e a direito. Tinha a hora de segurar, a hora de tentar a finalização, a hora de só controlar pra não dar espaço pro outro. Exige uma calma, uma leitura da situação que, de fora, a gente nem sempre valoriza.
Ele acabou ganhando a luta, se não me engano foi por decisão dos juízes. Não foi nocaute espetacular, nem finalização plástica. Foi na base da insistência, do controle, da estratégia. Bem parecido com o que meu tio me ensinou sobre a madeira.
Desde aquele dia, passei a ver essas lutas mais amarradas com outros olhos. Claro que a gente gosta de ver a pancadaria, mas tem um valor danado nessa coisa da paciência e da estratégia. Serve pra luta, serve pra marcenaria, serve pra vida, né? Às vezes, não é na correria que a gente resolve, é na calma, esperando a hora certa.