Olha, outro dia me peguei pensando nesse negócio de formar jogador de futebol na base. Não sou técnico nem nada, mas gosto de dar uma espiada quando passo perto de algum campinho.
Foi numa tarde dessas, voltando pra casa, que parei uns minutos pra ver um treino. Era molecada nova, sabe? Deviam ter ali uns 12, 13 anos. Corriam pra lá e pra cá, suando a camisa debaixo do sol. O treinador, um cara mais velho, voz rouca, ficava dando instrução, às vezes gritando.
A Realidade do Campo
Fiquei observando. Tinha de tudo ali:
- Uns meninos que você via que levavam jeito, sabe? O domínio de bola era diferente, o passe saía mais redondo.
- Outros pareciam mais esforçados do que talentosos. Corriam muito, se dedicavam, mas a bola parecia quadrada no pé deles às vezes.
- E tinha o nervosismo, a pressão. Erravam um passe e já baixavam a cabeça. O treinador às vezes pegava mais pesado com um, elogiava outro.
É engraçado como a gente fala em “astros em formação”. Parece algo mágico, né? Mas o que eu vi ali foi trabalho duro, repetição e muita, mas muita, vontade.
Lembrei de quando eu mesmo tentava minhas coisas, não no futebol, mas em outras áreas. É um processo parecido. Você começa cru, vai aprendendo, tropeça, levanta. Tem dia que dá vontade de largar tudo, tem dia que você acerta uma coisinha e parece o rei do mundo.
O Que Fica de Verdade
Vi um garoto tentando fazer um domínio que o treinador ensinou. Errou umas três, quatro vezes. Na quinta, a bola colou no pé dele. Foi só um instante, mas o moleque abriu um sorriso. O treinador só balançou a cabeça, tipo “é isso aí”.
A verdade é que a maioria daqueles meninos talvez não vire jogador profissional. É um funil muito estreito, a gente sabe. Tem lesão, tem falta de oportunidade, tem uns que simplesmente não têm o nível necessário, por mais que se esforcem.
Mas aí eu penso: será que o importante é só virar craque? Acho que não. O que eles estavam aprendendo ali ia muito além do futebol.
- Disciplina de ir treinar todo dia.
- Respeito pelo treinador e pelos colegas.
- Saber ganhar e, principalmente, saber perder.
- Trabalhar em equipe, porque ninguém joga sozinho.
- Lidar com a frustração de errar e continuar tentando.
Isso aí, essa ‘formação’ como pessoa, talvez seja o maior ganho. Mesmo que não virem os ‘astros’ que o título sugere, saem dali mais preparados pra vida. Pelo menos foi essa a impressão que tive naquela tarde, só observando de longe.