Cara, falar de tênis do Michael Jordan… nossa, isso me joga lá pra trás, sabe? Na época de moleque, ali nos anos 90, era o sonho absoluto ter um daqueles.
A gente via na TV, nas revistas… o Jordan voando na quadra, fazendo aquelas jogadas impossíveis, e nos pés dele, aquele tênis que parecia ter vindo de outro planeta. Era um símbolo! Todo mundo na rua comentava, todo mundo queria. Mas a realidade era outra, né? Grana curta que só, aquilo custava os olhos da cara, mais que um salário mínimo na época, eu acho.
Lembro direitinho de ficar namorando as vitrines das poucas lojas que tinham. Babava mesmo. Cheguei a juntar uns trocados que minha mãe me dava pro lanche, fazia uns servicinhos aqui e ali pro vizinho, qualquer coisa pra tentar chegar perto. Mas que nada… Era impossível. O máximo que consegui foi um modelo genérico, bem mais simples, que nem de longe parecia o original. Mas a gente se virava, né?
Anos depois, a “conquista”
Aí o tempo voou. A gente cresce, começa a trabalhar, as prioridades mudam. Mas aquela vontadezinha ficou lá no fundo, sabe? Um dia desses, já com meus cabelos brancos aparecendo, eu tava navegando na internet, vendo umas coisas, e me deparei de novo com os benditos tênis do Jordan. Vários modelos, cores, edições especiais… uma loucura.
Pensei comigo: “Quer saber? Agora eu posso. Vou realizar esse desejo antigo.” Não era mais pela molecada, nem pra me sentir o Jordan. Era mais pra fechar um ciclo, entende? Uma coisa minha comigo mesmo.
Comecei a pesquisar. Vi um modelo clássico, um que lembrava bem aqueles que eu sonhava ter. Achei numa loja online, o preço ainda era salgado pra caramba, mas decidi encarar. Cliquei em comprar. Deu até um nervoso na hora de passar o cartão, confesso.
Quando a caixa chegou, foi um momento engraçado. Abri com cuidado. O tênis tava lá, bonitão, cheiro de novo. Peguei na mão, olhei os detalhes. Era um tênis muito bem feito, sem dúvida. Calcei ele.
E aí veio a sensação… era legal. Confortável até. Mas… cadê a mágica? Cadê aquela sensação de poder que eu imaginava quando era moleque? Não veio. Era só um tênis. Um tênis caro, bonito, cheio de história, mas ainda assim, só um tênis.
Usei ele algumas vezes. Pra ir no shopping, encontrar uns amigos. Chama atenção, claro. Alguém sempre comenta: “E aí, ostentando o Jordan!”. Dou uma risada. Mas, sinceramente? Hoje ele fica mais tempo guardado na caixa do que nos meus pés.
Olhando pra trás, foi uma experiência interessante. Percebi algumas coisas:
- Aquele desejo de moleque era muito mais sobre o status, sobre pertencer a algo, do que sobre o produto em si.
- A expectativa que a gente cria pode ser muito maior que a realidade.
- Realizar um sonho antigo é bom, mesmo que ele não tenha o mesmo brilho depois de tanto tempo.
No fim das contas, não me arrependo. Matei a vontade. Mas é curioso como a nossa cabeça funciona, como a gente idealiza as coisas. Foi uma prática pessoal, um registro de como lidei com um desejo que me acompanhou por anos. E a conclusão é que… bom, agora eu tenho um tênis do Michael Jordan guardado no armário. E a vida seguiu.
