Ah, essa história de “lutadora nua”… Sabe, não é bem o que parece de primeira. Pra mim, essa expressão pegou um outro sentido depois de uma ralação que eu passei, uma batalha que me deixou, digamos, com a alma bem exposta na roda.

Lembro que eu tava metido até o pescoço num projeto que era meu xodó, sabe? Coisa que eu virei noite trabalhando, botei meu sangue ali. Era a minha grande aposta, minha cria! Eu realmente acreditava naquilo com todas as minhas forças, era quase uma parte de mim que tava ali, no papel e nas ideias.
Aí chegou o dia D, né? O dia de apresentar a criança pro mundo, de botar a cara a tapa e ver no que dava. Fui lá, coração na boca, cheio de gás, mostrei tudo nos mínimos detalhes, abri o jogo mesmo, sem filtro. E a real? A paulada foi feia, meu amigo. Nossa! Criticaram cada vírgula, desmontaram meu raciocínio na minha frente, parecia que tinham pego minha ideia e deixado ela pelada na frente de todo mundo. Eu fiquei lá, parado, me sentindo o próprio “lutador nu” da história, sem ter pra onde correr, com tudo escancarado.
E o que eu tirei dessa ‘briga’ toda?
Olha, vou te falar, no começo o baque é gigante. Dá uma raiva que sobe, uma vontade de chutar o balde e nunca mais tentar nada. Mas aí, com o tempo, a poeira vai baixando e você começa a enxergar as coisas com outros olhos, saca?
- Primeiro, que nem toda luta a gente vai ganhar do jeito que a gente sonha. Faz parte do jogo.
- Segundo, que essa exposição toda, por mais que doa na hora, às vezes é o chacoalhão que a gente precisa pra ver onde tá errando, ou até pra pegar um caminho totalmente diferente que nem tinha pensado antes.
- E terceiro, o mais importante, é que mesmo “nu”, sem as suas certezas e defesas, a gente continua de pé, pronto pra outra rodada.
Aquela sensação de estar completamente despido das suas certezas, por mais horrível que seja no momento, te força a criar uma casca mais grossa, a ser mais malandro pra próxima. Não foi fácil, não vou mentir pra você. Passei um bom tempo catando os pedaços, tentando entender o que tinha acontecido. Mas quer saber de uma coisa? Hoje eu olho pra trás e vejo que aquela “surra” me ensinou muito mais do que um monte de vitória fácil por aí. Me deixou mais esperto, mais forte. Então, quando eu penso em “lutadora nua”, não é sobre vergonha ou derrota, mas sobre a coragem de se jogar na arena da vida, mesmo sabendo que pode levar uns tombos feios e sair com uns arranhões bem à mostra pra todo mundo ver.