Olha, vou te contar como eu tropecei nesse termo “powergaming” pela primeira vez. Faz um tempinho já, eu tava naquelas mesas de RPG online, sabe? Tinha um pessoal que jogava focado na história, na interpretação, aquela coisa toda. Mas sempre tinha um ou outro que parecia estar jogando um jogo diferente.

Lembro de um cara específico. Enquanto a gente tava lá, tentando desenrolar a trama, falando com a voz do personagem, ele só queria saber dos números. Qual a melhor espada? Qual a combinação de magia que dava mais dano por segundo? Como explorar aquela regra específica pra ganhar uma vantagem absurda? No começo, eu nem ligava muito, achava que era só o jeito dele jogar.
A Descoberta na Prática
Mas aí a coisa começou a ficar mais clara. Comecei a prestar atenção no que ele fazia. Ele não tava nem aí se a ação fazia sentido pro personagem dele ou pra história. O foco era puramente mecânico.
- Min-Maxing Total: Ele criava personagens com atributos super altos em algumas coisas e totalmente inúteis em outras, só pra maximizar a eficiência em combate. Tipo, um guerreiro fortão que não conseguia nem amarrar o sapato direito, metaforicamente falando.
- Exploração de Regras: Ele lia o manual de regras de cabo a rabo, não pra entender o espírito do jogo, mas pra achar brechas, combos obscuros, qualquer coisa que desse uma vantagem desleal.
- Zero Roleplay: Conversar com NPCs? Investigar pistas? Criar laços com outros personagens? Pra ele, isso era perda de tempo. O negócio era ir direto pro próximo combate ou desafio pra acumular mais poder.
Teve uma sessão que foi o estopim pra mim. A gente tava numa situação delicada, precisando de diplomacia, e o personagem dele, do nada, atacou o PNJ chave só porque achou que ia ganhar mais XP rápido. Quebrou totalmente o clima e a lógica da aventura.
Entendendo o “Espírito da Coisa”
Foi aí que eu saquei o que o pessoal chamava de powergaming. Não é só querer ser forte no jogo, porque, né, quem não quer? É quando essa busca pela força máxima atropela todo o resto.
Pra mim, powergaming é basicamente isso: focar tanto nas regras e na otimização do personagem que você esquece que tá participando de uma atividade coletiva, com uma história sendo contada. É tratar o RPG ou o jogo online como se fosse uma planilha de Excel, onde o único objetivo é fazer os números subirem o mais rápido possível, custe o que custar.

Claro, tem níveis diferentes. Tem gente que só gosta de um personagem bem montado, eficiente, o que é normal. Mas o powergamer mesmo, aquele raiz, parece que joga contra o Mestre ou contra os outros jogadores, não com eles. Ele quer “vencer” o jogo, mesmo que isso signifique estragar a experiência pra todo mundo.
Minha Visão Hoje
Depois de ver isso acontecer algumas vezes, e até, confesso, experimentar um pouco essa mentalidade pra ver qual era (não curti muito, tira a graça pra mim), eu formei minha opinião. Eu tento equilibrar as coisas. Gosto de um personagem que funcione bem, que seja útil pro grupo, mas sem passar por cima da história, da interpretação e, principalmente, da diversão compartilhada.
Acho que o importante é encontrar o meio-termo. O jogo tem regras? Tem. Dá pra otimizar? Dá. Mas tem também a história, a interação, a camaradagem. Quando a busca pelo “poder” começa a minar esses outros pilares, pra mim, já passou do ponto. É isso que eu penso sobre o tal do powergaming, baseado no que eu vi e vivi por aí nessas minhas andanças virtuais e em mesas de jogo.