Pois é, pessoal. Hoje eu resolvi contar um pouco da minha saga com a famosa onda de Itacoatiara. Muita gente fala, né? Que é sinistra, que é isso, que é aquilo. E eu, curioso que sou, quis ver com os meus próprios olhos.

O Planejamento (ou a falta dele)
Primeiro, deixa eu falar uma coisa: preparação é tudo. Ou quase tudo, no meu caso. Eu achava que tava pronto, sabe? Vi uns vídeos, conversei com uma galera que já tinha ido. Pensei: “Ah, já peguei umas ondas aqui e ali, deve dar pra encarar”. Mal sabia eu o que me esperava. Não é que eu não tenha me preparado nada, mas olhando pra trás, podia ter sido bem melhor.
A ideia surgiu num bate-papo com uns amigos. Um deles falou: “Bora pra Itacoa no próximo swell?”. Eu, na empolgação, topei na hora. Verificamos a previsão, parecia que ia dar umas ondas boas, não gigantescas, mas com aquela força característica de lá. Separei a prancha, aquela minha guerreira de sempre, um pouco de parafina e pé na estrada.
Chegando e Sentindo o Clima
Cheguei lá num dia que o mar não tava nem dos maiores, mas já dava pra sentir a força do lugar. A areia é diferente, a vibe é outra. Aquela montanha do lado, o Costão, parece que tá te olhando, tipo “e aí, vai encarar?”. Fiquei um tempo só observando da areia, tentando entender o movimento da água, onde a galera tava entrando, onde as ondas quebravam melhor.
Vi uns caras quebrando bonito, fazendo umas manobras que eu só sonho em fazer. Mas também vi muita gente tomando caldo, vaca atrás de vaca. Isso já me deu um certo frio na barriga, confesso.
A Hora da Verdade: Tentando Surfar
Aí começou a minha “prática”, ou melhor, a tentativa. A entrada já foi um capítulo à parte. Remar contra aquela correnteza não é moleza. Parece que você rema, rema, rema e não sai do lugar. Aí vem uma espuma e te joga pra trás de novo.

Quando finalmente consegui passar a arrebentação, o desafio era se posicionar. A onda de Itacoatiara é rápida e tubular. Não é aquela onda cheia, gordinha, que te dá tempo pra pensar. Ela vem, arma e quebra com uma violência impressionante. Precisa estar no lugar certo, na hora certa.
- Primeira tentativa: Achei que tava bem posicionado, remei com tudo que eu tinha. A onda subiu, subiu… e eu fiquei. Passei direto, a onda quebrou lá na frente. Frustração.
- Segunda tentativa: Tentei antecipar. Vi a série vindo, remei um pouco antes. Dessa vez, a onda me pegou. Só que me pegou de um jeito que eu fui catapultado. Tomei um caldo daqueles que você sai da água sem saber onde é em cima e onde é embaixo, com água entrando por tudo quanto é lugar. Que sufoco, meu amigo!
- Terceira e outras: Depois de uns bons caldos e algumas poucas ondas surfadas mais ou menos, comecei a pegar um pouco mais o jeito, mas ainda muito longe do ideal. O cansaço também começou a bater forte. Os braços já não respondiam como antes.
O Que Eu Levei Disso Tudo
Olha, não vou mentir. Não saí de lá virando um tubo atrás do outro como eu imaginava nos meus sonhos mais otimistas. Mas a experiência foi incrível. Deu pra entender na pele porque Itacoatiara tem essa fama toda. É um lugar que exige muito respeito e preparo físico e mental.
O que eu aprendi com isso? Bom, primeiro que Itacoatiara não é pra amador despreparado como eu tava. Exige respeito e muito, mas muito treino específico praquele tipo de onda. Não adianta achar que porque você surfa bem em outros picos, vai chegar lá e abafar. Segundo, que mesmo tomando uns perrengues, a sensação de estar ali, naquele visual, com aquela energia, é algo que vale a pena. Mas tem que ir com consciência, saber seus limites e, principalmente, voltar pra treinar mais.
No final das contas, saí de lá mais humilde, com o corpo moído, mas com uma vontade danada de treinar mais pra voltar e tentar de novo, quem sabe um dia pegar um tubo de verdade por lá. Não é só surfar, é entender o mar, respeitar a força da natureza. E Itacoatiara te ensina isso na marra, quer você queira, quer não.