Cheguei lá no Boqueirão num dia desses, sabe? Não tava planejando muito não, só me deu aquela vontade de esticar as pernas e dar uma olhada no mar. Santos é assim mesmo, né? A gente vive aqui e às vezes nem lembra de curtir o que tá bem na nossa frente.
Saltei do ônibus ali por perto mesmo e já fui caminhando direto pra orla. Aquele jardim que vai do Gonzaga até o Boqueirão é sempre um show, né? Sempre arrumadinho, impressiona. Mas o que eu queria mesmo era pisar na areia.
Arranquei os chinelos logo, pra sentir a areia nos pés. Ali perto do calçadão ela é mais escura, mais socada. Fui andando mais pra perto da água. O mar tava calminho nesse dia, quase sem onda. Tinha uma turma jogando frescobol, fazendo aquele barulhinho que a gente conhece… toc toc toc. É batata, sempre tem alguém jogando.
Lembrei de antigamente
Puxa vida, eu vinha muito aqui quando era garoto, com meus pais. A gente carregava isopor, cadeira de praia, ficava o dia inteiro. Era um clima diferente, com certeza. Hoje em dia, acho que o pessoal tem mais pressa, fica menos tempo na praia. Ou vai ver sou eu que tô ficando velho, sei lá né.
Sentei um pouco num banco daqueles de cimento do calçadão, só pra ficar olhando o movimento. Vi a galera nos quiosques, tomando uma água de coco gelada, outros na cervejinha. Aquela agitação organizada de sempre. Curto isso.
Uma coisa que sempre faço: fico olhando os prédios da avenida da praia. Tem uns bem velhos, com aquele charme antigo. E tem os mais novos também. Dá pra ver como a cidade mudou ao longo do tempo. O Boqueirão tem bem essa cara, essa mistura do velho com o novo.
Passei um bom tempo ali, pensando um pouco em tudo, vendo o sol começar a querer ir embora. Aquela luz do fim de tarde batendo na praia é diferente. Traz uma calma boa.
Depois me levantei e segui andando, sem rumo certo. Dei uma passada perto da feirinha de artesanato que às vezes armam por ali. Não tava com cabeça pra comprar nada, só dei uma espiada mesmo.
- Vi um senhor vendendo milho na carrocinha.
- Vi um monte de gente passeando com seus cachorros.
- Vi a criançada correndo pra lá e pra cá, cheia de energia.
Foi isso, um dia comum, nada demais. Mas eu tava precisando dessa escapada. Ir até a praia do Boqueirão, caminhar sem pensar muito, só respirando aquele ar… parece que lava a alma da gente. Mesmo sendo um lugar que a gente conhece tanto, sempre tem uma coisinha nova pra notar, ou uma lembrança boa que volta.
Cheguei em casa me sentindo mais leve. É bom fazer isso de vez em quando, viu? Aconselho.